Há tempo para tudo: há o tempo de plantar e o tempo de colher (Eclesiastes)
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), Diocese de Goiás/GO, realiza, no dia 06 de junho de 2015, a oitava Festa da Colheita, na cidade de Itapuranga, que é rica na luta pela democratização do acesso a terra e referência regional na produção diversificada de alimentos da Agricultura Familiar.
A Festa da Colheita dos frutos da terra e da vida é o momento de lembrar e comemorar tudo o que foi plantado e, hoje, pode ser colhido. Muitas sementes foram lançadas na terra e nas gentes: a semente da luta pela Reforma Agrária, da conscientização do meio ambiente, da luta pelos povos da Amazônia, da dignidade, da Cidadania, do arroz, milho, feijão e paz.
Festejar é sinal de valorização e partilha das experiências das comunidades rurais de pequenos agricultores e agricultoras, de onde brotam e florescem projetos de Esperança. Esperança de conquista da autonomia, soberania, cooperação, solidariedade, respeito à natureza e à vida em plenitude.
A Festa é um espaço de resgate de elementos da cultura camponesa, como catira, fiandeiras, folias e são apresentados os frutos da terra, como arroz, milho, mandioca, banana, hortaliças. Nesse mesmo sentido, será entregue durante a Festa o Prêmio Dom Tomás Balduíno a pessoas e entidades da região que se empenham na luta pela Reforma agrária, direitos humanos e meio ambiente.
A Diocese de Goiás com sua atuação pastoral coordenada por Dom Tomás Balduíno, desde 1968, e com a continuidade do trabalho garantida por Dom Eugênio, desde 1999, tornou-se símbolo nacional e internacional de luta pela Reforma Agrária.
Aliada aos camponeses, a Igreja de Goiás também passou a enfrentar a perseguição, porque sua palavra estava carregada de profecia. Como era possível se calar, se a palavra ardia dentro do peito? Como não ser apoio daquele que estava sendo explorado e submetido à indignidade? Não havia outra resposta se não a de retransmitir a Palavra de Deus: “Eu vi a opressão do meu povo, ouvi seus gemidos e desci para libertá-lo” (Ex. 3).
A luta dos posseiros, arrendatários, meeiros e assalariados foram se identificando com a história de luta e libertação do povo de Israel. Com isto, os camponeses romperam com a ideologia latifundista e passaram a creditar que a vontade de Deus era vê-los com seus direitos resguardados e a justiça realizada.
A luta e a conquista dos camponeses do Córrego da Onça, em Itapuranga, que desafiou oligarquias e a criação da tão chamada oposição sindical, foram sinais de que os camponeses haviam tomado a decisão de se organizar para modificar a trajetória de sua história.
Os lavradores criaram suas organizações e definiram, como melhor caminho, a sua autonomia em relação à CPT da Diocese de Goiás e à própria Igreja. Esta postura dos Movimentos camponeses na região foi saudável para todos, principalmente, para a CPT, que voltou a canalizar seus esforços na animação, formação e articulação dos camponeses para reforçarem suas organizações e, inclusive, fazendo nascer outras formas de organização destes trabalhadores..
O movimento político econômico atual impõe novos desafios e redefinições de estratégias de ação nesta caminhada profética da CPT, o que, certamente, será objeto de profunda reflexão e deliberação neste “grande encontro”.
É nesta esperança, nesta certeza, nesta fé que a CPT, a Igreja de Goiás e demais parceiros, de corações abertos, convidam à todos os camponeses, camponesas e a todos que estão comprometidos com a luta pela Reforma Agrária a participarem da VIII Festa da Colheita. Esse evento acontecerá no dia 06 de junho 2015, a partir das 15 horas na Cidade de Itapuranga/GO.