O bioma Cerrado distribui-se nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Tocantins, Rondônia, Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais e São Paulo, somando 11 estados, além de apresentar áreas remanescentes nos Estados do Pará, Roraima e Amapá
A área de ocorrência do Cerrado constitui-se no divisor de águas brasileiro, estando localizadas nesse bioma as nascentes das principais bacias hidrográficas do país: a do rio Tocantins, a do rio Paraná e a do rio São Francisco. As terras que formam o território do Estado de Goiás são recortadas pelos principais tributários das duas primeiras bacias, especialmente o rio Araguaia e seus afluentes e o próprio rio Tocantins que formam a primeira bacia e, o Rio Paranaíba e seus afluentes, que deságua no rio Paraná, o qual, por sua vez deságua no rio da Prata, formando a bacia do rio da Prata ou bacia Platina. Esta inclui terras de outros países como Uruguai, Paraguai, Argentina e Bolívia.
O clima dessa região caracteriza-se por apresentar duas estações bem definidas, uma quente e chuvosa, entre os meses de outubro e abril, e a outra fria e seca, entre os meses de maio e setembro.
Apesar de estar entre os biomas mais devastados pelas atividades humanas, o bioma Cerrado é rico em biodiversidade. De acordo com estudo realizado por Mendonça e Machado em 2005, há mais de 7.000 espécies de plantas no Cerrado. Destas, 44 % são plantas exclusivas da região. Em função dessa característica, o Cerrado é apontado como a savana tropical mais diversificada do mundo, e a ria riqueza na biodiversidade desse ambiente não é restrita às plantas. Foram identificadas: 199 espécies de mamíferos, o que corresponde a 37% das espécies brasileiras; 837 espécies de aves, o que corresponde a 49% das espécies brasileiras; 180 espécies de répteis, o que corresponde a 50% das espécies brasileiras; 150 espécies de anfíbios, o que corresponde a 20% das espécies brasileiras e 1200 espécies de peixes, o que corresponde a 40% das espécies brasileiras. Assim como as plantas, muitos desses seres vivos têm ocorrência apenas no Cerrado.
A diversidade de espécies está associada à também diversidade de ambientes. No Cerrado a variação dos ecossistemas constitui o fator determinante para a ocorrência dessa quantidade de espécies. Assim, as variações de espécie ocorrem no sentido horizontal e numa mesma região pode existir áreas campestres, capões de mata, florestas e áreas brejosas.
Nestes variados ambientes territorializou-se também, historicamente, uma diversidade de grupos humanos. Desde as populações indígenas e quilombolas até os agricultores familiares camponeses, uma ocupação constante foi promovida nas terras interiores do país. Estas populações estabeleceram formas de vida que fizeram das plantas e animais do Cerrado aliados no processo de sobrevivência. Assim, foram gestados os saberes e fazeres das populações tradicionais das áreas de Cerrado, que construíram um conhecimento histórico sobre a diversidade de plantas e animais deste bioma. Este conhecimento está refletido no cotidiano de milhares de indígenas e camponeses que fazem uso consciente da biodiversidade do Cerrado brasileiro, utilizando tal biodiversidade na produção e consumo de alimentos saudáveis, na medicina popular e, consequentemente, na proteção e valorização do ambiente natural deste bioma.
Na alimentação, especificamente, são inúmeros os frutos e plantas consumidos. O pequi, o baru, o buriti, a cagaita, o araticum, a mangaba, a gabiroba e o cajuzinho do Cerrado são apenas alguns dos frutos utilizados na alimentação cotidiana dos povos deste bioma. Estes frutos possuem grande quantidade de vitaminas, fato que demonstra o conhecimento das populações do Cerrado na utilização das potencialidades alimentícias disponíveis.
As plantas medicinais, da mesma forma, são largamente utilizadas pelos povos do Cerrado. Os povos e as populações camponesas que ocuparam o Cerrado passaram a fazer uso destas plantas, construindo historicamente um conhecimento aprofundado sobre as diversas utilidades medicinais das plantas disponíveis no bioma. Portanto, os frutos, as plantas medicinais, assim como, uma infinidade de outros elementos existentes no bioma Cerrado, compõem conhecimentos que representam a resistência dos povos deste chão.
A biodiversidade, tanto animal como vegetal, que possibilita este processo de resistência, contudo, vem sendo, desde a década de 1960, gradativamente destruída, para dar lugar a um modelo de desenvolvimento que gera riquezas para poucos. Muitas das espécies presentes no Cerrado estão ameaçadas de extinção. De acordo com a Fundação Biodiversitas, responsável pela publicação da lista oficial de animais e plantas brasileiras em extinção, o Cerrado, em relação à fauna, é o segundo bioma a apresentar o maior número de espécies ameaçadas ou extintas, com 112 espécies, ficando atrás apenas da Mata Atlântica. Acredita-se que restam de 8 a 20% da vegetação original do Cerrado.
Nesse contexto, considerando o intenso processo de degradação ambiental que ainda está em curso, é necessário que sejam construídas novas alternativas produtivas e de convivência com o bioma Cerrado. Diversos grupos indígenas e de agricultores familiares camponeses, entre outros, já tem “gritado” em defesa da biodiversidade do Cerrado brasileiro. É preciso, no entanto, construirmos conjuntamente estratégias sólidas para sua preservação, baseadas destacadamente na Agroecologia, perspectiva ambientalmente equilibrada e socialmente justa de produzir e viver.
A Festa da Colheita é um espaço que esse grito em defesa do Cerrado será dado. A Festa acontecerá em Itapuranga, dia 06 de junho de 2015, a partir das 15 horas. Mais informações pelo telefone 33713820, na CPT Diocese de Goiás.