O envolvimento da Igreja de Goiás junto aos camponeses não é recente. A Diocese de Goiás com sua atuação pastoral coordenada por D. Tomás desde 1968 e com a continuidade do trabalho garantida por D. Eugênio tornou-se símbolo nacional e internacional de luta pela Reforma Agrária.
Dom Tomás, logo que chegou – inspirado pela experiência com os índios em Conceição do Araguaia, e pelo Concílio Vaticano II – propôs uma igreja colegiada, que ouvisse mais os fiéis, e que se inserisse no meio popular, vivendo e agindo sobre os problemas dos pobres. Ele comandou uma grande pesquisa na região da Diocese, que revelou o rosto do povo: maioria de camponeses, pobres, vivendo sem direitos garantidos, sem certeza da terra, sem apoio. Assim a Diocese fez sua opção preferencial pelos pobres.
Aliada aos camponeses, a Igreja de Goiás também passou a enfrentar a perseguição, inclusive durante a ditadura militar. A luta dos posseiros, arrendatários, meeiros e assalariados foram se identificando com a história de luta e libertação do povo de Israel. A história já contada aqui, da luta do Córrego da Onça, em Itapuranga, é exemplo disso.
A conquista das Fazendas Estiva ou São João do Bugre, da Fazenda Mosquito e da Fazenda São Carlos foram marcos importantes e serviram como base de lançamento da vitoriosa luta pela terra na Diocese de Goiás e na região, pois, aqui, o rosto geográfico e cultural era o latifúndio, hoje, o município de Goiás e boa parte da região estão cortados pelos assentamentos, compondo a nova fotografia geo-político-cultural com mais de 40 assentamentos e, aproximadamente, 1.500 famílias assentadas.
Com o decorrer do tempo, os lavradores criaram suas organizações e definiram, como melhor caminho, a sua autonomia em relação à CPT da Diocese de Goiás e à própria Igreja. Esta postura dos Movimentos camponeses na região foi saudável para todos, principalmente, para a CPT, que voltou a canalizar seus esforços na animação, formação e articulação dos camponeses para reforçarem suas organizações e, inclusive, fazendo nascer outras formas de organização destes trabalhadores.
Hoje, a Igreja de Goiás está preocupada com os impactos do modelo de desenvolvimento para os trabalhadores rurais: expulsão dos agricultores de suas pequenas terras, destruição ambiental, precariedade das relações de trabalho e condições desumanas de trabalhos, o que demanda esforços para a permanência dos agricultores no campo, com autonomia e consciência ambiental, e, aos assalariados, a garantia da dignidade. A formação ainda é prioridade na Diocese, exemplo são as escolas de Agroecologia, e Participação Social e aos Encontros de Fé e Política que formam tanto para um novo modelo de agricultura, quanto para a maior inserção das pessoas na vida política e social nas comunidades
Neste contexto, é necessário fortalecer as organizações de trabalhadores rurais camponeses para construir um novo modelo alicerçado na agricultura camponesa e na agroecologia, com produção diversificada, priorizando o consumo interno, como se vê em algumas experiências dentro da própria região da Diocese de Goiás.
Esta ação profética e libertadora da Diocese de Goiás chega há 48 anos, e a Festa da Colheita, em Itapuranga também celebra esta história, e este presente de lutas. Dia 06 de junho, a partir das 15 horas, venha participar da nossa Festa