No dia 27 de agosto, a Diocese de Goiás, faz memória do atentado ao Padre Francisco Cavazzuti. A vida do religioso é marcada por uma longa jornada de proteção aos pobres, luta pela justiça social, fé e denúncia contra o latifundiário.
Nascido em Cibeno de Carpi em 1934 e ordenado sacerdote em 1958, padre Francisco Cavazzuti durante vários anos foi assistente dos jovens da Ação Católica e capelão do trabalho, sempre atento às problemáticas sócias e ao anuncio do Evangelho aos mais pobres e nas situações de maior dificuldade. Essa sensibilidade, depois de dez de ministério na diocese de Capri, o levou à decisão de partir para o Brasil como sacerdote “Fidei Donum”, na diocese de Goiás.
Era o ano de 1969. Durante os primeiros nove anos trabalhou em Jussara, Santa Fé e Britânia. Em 1978, foi nomeado pároco de Sanclerlândia e Mossâmedes.
Na sua luta em favor dos pobres e dos sem-terra, em 1972 correu o risco de ser expulso do País. No dia 27 de agosto de 1987, depois de uma vigília de oração em povoado da paróquia de Mossâmedes, recebeu um tiro no rosto pela mão armada de um jovem e, como consequência, perdeu completamente a vista. Mesmo depois do atentado, excluídos breves períodos de permanência na sua cidade de Carpi, continuou no meio do seu povo anunciando e testemunhando o Evangelho.
Depois de 40 anos de Brasil, em 2007 padre Francisco Cavazzutti voltou a viver na Itália, seu país de origem. Em agosto de 2012, ele esteve em Goiás para as celebrações dos 25 anos do atentado que o vitimou. O crime, ocorrido na noite do dia 27 de agosto de 1987 entrou para a história goiana como um dos marcos da luta pela reforma agrária. O pistoleiro Marcelino, a mando de fazendeiros da região, atirou no religioso. Ele foi condenado a 12 anos de prisão, ficou quatro anos na cadeia e foi liberado por bom comportamento. Os mandantes, segundo o religioso, “não foram incomodados”.
Em 2014, padre Francisco Cavazzutti, foi recebido no Vaticano pelo Papa Francisco. O convite partiu do Sumo Pontífice ao tomar conhecimento de sua saga no Brasil. Os dois religiosos fizeram uma celebração conjunta na Cúria Romana. Durante o encontro, o padre Cavazzuti entregou ao papa uma carta assinada por um grupo de Goiás que referenda suas ações à frente da Igreja Católica.