Goiás, junho de 2025.
Queridos irmãos e irmãs,
Aproxima-se o término do Tempo Pascal, e ainda celebramos a alegria e a paz do Ressuscitado no cotidiano de nossas vidas, pois somos convidados a testemunhá-lo sempre.
Durante o mês de junho, teremos várias datas importantes para celebrar. No primeiro dia, a Solenidade da Ascensão do Senhor que revela a sublime dignidade da natureza humana. O ser humano, ferido pelo pecado e expulso do paraíso, em Jesus Cristo, é reabilitado. O céu, que se fechara pela desobediência do primeiro Adão, reabre-se pela fidelidade do novo Adão, que se fez “obediente até a morte e morte de cruz” (cf. Fl 2,8). Nele, nossa dignidade é restituída e vencedora. O nosso corpo não é uma prisão da alma, como pensavam alguns filósofos gregos antigos, mas templo do Espírito Santo e está destinado à ressurreição gloriosa, merece respeito. Por isso, toda violência contra a pessoa humana fere o próprio corpo de Jesus, que agora participa da glória divina. A ascensão de Jesus é também a nossa vitória e incentivo a lutarmos contra todo desrespeito à dignidade de cada ser humano.
No dia 5 de junho, celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, com o tema: “o fim da poluição plástica global, em sintonia com a Campanha da Fraternidade deste ano, Fraternidade e Ecologia Integral, que nos convida a ouvir o grito dos pobres e da terra. O uso de materiais descartáveis, em especial o plástico, causa graves danos ambientais, exigindo ações alinhadas com a Laudato Sí, do papa Francisco. A comissão de Educação da CNBB, consciente do problema, incentiva as escolas a aderirem à campanha “Junho Verde”, promovendo reflexões e ações ecológicas. Acolhamos a proposta e nos empenhemos na redução do uso de descartáveis, na reciclagem, em proteger as nascentes e plantar árvores. Agradecemos às comunidades e entidades que já estão empenhadas nessa tarefa. Todos somos chamados à conversão ecológica, pois, se Deus viu que tudo era muito bom, temos o compromisso de preservar a criação divina.
Na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (da Ascensão a Pentecostes), somos convidados à oração pela unidade da Igreja. Este ano, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC), inspirado no jubileu dos 1700 anos do Concílio de Niceia (325 d.C.), propõe refletir no Brasil o tema: “Crês nisso?” (cf. Jo 11,26), questionando: em qual Jesus acreditamos? No que ressuscita Lázaro e chora com os sofredores, ou num Cristo indiferente às dores humanas? Naquele que ama sem distinção, ou em um Jesus indiferente e seletivo? Por ocasião deste Ano Jubilar, esta semana alimenta nossa esperança de que as estruturas de desigualdade, exclusão e violência não prevalecerão, e que todas as pessoas tenham direito à dignidade. Convidamos todas comunidades a participar utilizando o material do CONIC disponível no site da Semana de Oração pela Unidade Cristã – SOUC. Propomos também incluir essa intenção em nossas orações pessoais e comunitárias ao longo da Novena de Pentecostes, acolhendo o desejo de Jesus: “Que todos sejam um” (cf. Jo 17,21).
Ainda no Dia da Ascensão do Senhor, celebramos o 59ª Dia Mundial das Comunicações Sociais. A mensagem deixada pelo papa Francisco para este dia está em sintonia com o lema do Jubileu: “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” (cf. 1 Pd 3,15-16). Francisco convida especialmente os jornalistas a terem coragem de colocar no centro da comunicação a responsabilidade coletiva e pessoal com o próximo, tornando-se comunicadores da esperança cristã. O papa pede que a comunicação seja “desarmada” da agressividade, defendendo uma comunicação que promova a amizade, a esperança e o cuidado com a dignidade humana e com o mundo, à semelhança de Jesus com os discípulos de Emaús.
Oito dias após a Ascensão, celebramos a grande alegria da vinda do Espírito Santo, prometido por Jesus, que nos auxiliará até o fim dos tempos e que une a diversidade dos dons. Esquecido durante algum tempo por não ter, visualmente, representação humana como o Pai e o Filho, o Espírito, terceira pessoa da Santíssima Trindade, é presença real na vida cristã. Em hebraico é a “Ruah” divina, o ar, algo vital e indispensável para nossa existência. Sem o Espírito, a fé, o amor e a prática do bem tornam-se impossíveis. Neste ano jubilar, a Igreja nos convida a ser “peregrinos de esperança”, guiados pelo Espírito, que nos dá força, sabedoria e motivação para testemunhar e reacender a esperança nos corações. Vem, Divino Espírito” e enche nossos corações com o fogo do teu amor.
No dia 15 de junho, celebraremos a Solenidade da Santíssima Trindade, modelo de integração e comunhão de três pessoas diferentes, mas iguais em dignidade, vivendo em reciprocidade, aceitação e doação. As três pessoas, embora diferentes, nenhuma é maior ou menor, antes ou depois; todas são iguais. Assim, somos chamados a construir relações igualitárias, respeitosas com as diferenças pessoais e coletivas, dispondo os variados dons a serviço do bem comum. O papa Francisco destaca que as diferenças são riquezas e não motivo para inimizade.
Com a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (19/06), fazemos memória da Aliança de Cristo conosco, seu povo santo, selada com o seu sangue, sob os sinais do pão e do vinho na Eucaristia. Ao participarmos desse sacramento, renovamos nosso compromisso em viver segundo o mandamento do amor. A Eucaristia é o sacramento da unidade, que nos une em torno da mesa comum, superando divisões e promovendo a comunhão. Em um mundo marcado por indiferença, individualismo, desigualdades e conflitos, a Eucaristia é alimento para construir relações novas baseadas na justiça e na fraternidade. Renovemos nossa fé no mistério eucarístico, reconhecendo Cristo presente não somente no pão consagrado, mas também em cada irmão, sendo sinais de unidade e esperança para o mundo, pois “o Pão da vida, a comunhão, nos une a Cristo e aos irmãos”.
No dia 29, concluindo o mês, celebramos a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas da Igreja. Dois homens tão diferentes no temperamento, na formação, no nível sociocultural e na compreensão da fé cristã que se desenvolve. Pedro é pescador, pessoa simples, sem cidadania romana; Paulo tem cidadania romana, pertenceu ao grupo dos fariseus (cf. At 23,6; Fl 3,5), tem conhecimentos bíblicos e filosóficos, foi discípulo do respeitado rabino Gamaliel, que influenciou na sua formação. Mas são unidos pelo amor a Jesus e no compromisso em anunciar o seu Evangelho. Ambos sofreram o martírio. Pedro, crucificado de cabeça para baixo (ano 64), segundo a tradição, e Paulo, degolado (ano 67), quando Nero era o imperador romano. A Igreja os venera como modelos de coragem e fidelidade profética. Nesse dia, manifestamos nossa comunhão com o sucessor de Pedro, o papa Leão XIV, oferecendo com generosidade o óbolo da São Pedro, que permitirá ao papa exercer a caridade com as pessoas necessitadas. Sejamos generosos na oferta, como os primeiros cristãos que tinham tudo em comum (cf. At 4,32). Além da nossa oferta, tenhamos o papa presente na nossa oração.
Recebam meu abraço fraterno, minhas orações e comunhão! Que o Espírito Santo nos ilumine sempre!
+Dom Jeová Elias
Bispo de Goiás
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