Quem é Jesus para nós?

Celebramos no 1º domingo de julho, no Brasil, a solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo: vidas pela vida, vidas pelo Reino! Vidas doadas por amor! Estes dois Apóstolos, pela importância que têm, são celebrados também em outras datas: Paulo, no dia 25 de janeiro, com a festa da sua conversão; Pedro, no dia 22 de fevereiro, com título um pouco diferente, chamado Cátedra de São Pedro. Os dois têm mais uma festa juntos: a dedicação das basílicas de São Pedro e de São Paulo, no dia 18 de novembro.

Pedro e Paulo são muito distintos no temperamento, na formação, no nível sociocultural. Apesar das diferenças, são unidos pelo amor de Jesus Cristo, até ao extremo do sacrifício da própria vida. Pedro, martirizado no ano 64. Segundo a tradição, crucificado de cabeça para baixo. Paulo, martirizado no ano 67, degolado vivo, segundo a tradição. Vidas doadas, vidas amorosas. Amor que não mede esforços e sacrifícios.

No Evangelho de hoje, Jesus lança uma pergunta aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” (Mt 16,13). As respostas são cheias de contradições: para alguns, é João Batista; para outros, é Elias; e para outros é Jeremias ou algum dos profetas (Cf. Mt 16,14). A pergunta feita por Jesus não tem a intenção de saber o que as pessoas pensam sobre Ele; não é uma curiosidade fútil e nem uma sondagem de opinião pública: Ele quer provocar o comprometimento dos seus apóstolos. A primeira parte da pergunta é fácil responder, embora as respostas sejam inexatas. É simples dizer o que as outras pessoas falam, pois não compromete individualmente. A verdadeira intenção de Jesus Cristo é saber como o grupo se posiciona em relação a Ele. Não pretende ser definido, mas que os apóstolos se definam diante da sua pessoa.

Pedro, antecipando-se ao grupo, responde, com muita coragem, que Jesus é o Messias, o filho do Deus vivo (Mt 16,16), é uma pessoa especial. Claro que esta resposta compromete com o projeto de Jesus Cristo. Ele é o Messias, mas o messianismo de Jesus deve ser entendido no sentido correto, não conforme a expectativa judaica: como um triunfalista, guerreiro, vitorioso… Certamente, Pedro cresceu na consciência da resposta dada. Era difícil romper com as expectativas judaicas, pensar diferente. Jesus é o Messias, mas o seu messianismo é serviço. Ele não é um guerreiro que vai derrotar os adversários com o poder das armas, mas alguém que vai semear o amor com a entrega da sua vida: sem matar ninguém, ensinando o caminho da compaixão, da misericórdia e sofrendo a morte injusta, violenta e sangrenta de cruz; no entanto sendo vitorioso, ressuscitando.

Celebrar a memória dos Mártires é um incentivo para a nossa caminhada, um encorajamento à nossa fé e um convite a superarmos uma fé acomodada, intimista, fechada em nós mesmos, nas nossas próprias preocupações, nos nossos próprios interesses. É superar a visão da fé como um produto de consumo. É se dispor a correr risco por amor, a assumir para valer os valores pregados por Jesus. Os dois apóstolos que hoje festejamos, Pedro e Paulo, nos estimulam, nos animam e nos encorajam no seguimento de Jesus Cristo.

Dedicamos também este primeiro domingo de julho à oração pelo Papa. Pedro, no texto que ouvimos hoje, é constituído como o primeiro Papa da nossa Igreja. Historicamente, como Bispo de Roma, ele ganhou precedência na Igreja do ocidente.

Hoje, Pedro é o nosso querido Francisco, que gosta de ser chamado Bispo de Roma. Como Pedro, também Francisco sofre incompreensões e oposições – algumas veladas e outras públicas. Infelizmente, algumas oposições são internas, enquanto é querido, acolhido e amado pela maioria do povo e até mesmo por pessoas que não creem, ou que professam uma fé diferente da nossa.

O Papa Francisco trouxe novo ânimo à nossa Igreja. Convida-nos a superar a visão de Igreja autorreferencial. Exorta a Igreja a descer do pedestal. Na primeira entrevista, após a sua eleição, afirmou sonhar com uma Igreja pobre e para os pobres; com uma Igreja despojada, Samaritana, servidora. Ele é o Papa da Misericórdia com todas as pessoas, especialmente as mais pobres e sofridas. Os pobres ocupam um lugar primordial no seu ministério. Aqueles que não contam, que não têm vez, e não têm voz, agora são lembrados, defendidos e amados. Todos somos convidados a assumir a causa dos mais sofridos e a lutar em defesa da dignidade deles.

Rezemos, especialmente hoje, pelo nosso querido Papa Francisco. Ele é um presente concedido por Deus para a nossa Igreja, mas também para toda a humanidade. Leva a marca bonita da alegria e da misericórdia de Deus. Mas também é o Papa da firmeza, quando se trata de defender os valores do Evangelho. Com ele, a riqueza do Evangelho, vivenciada na nossa cultura latino-americana, é levada para o mundo, sobretudo com o Documento da V Conferência Geral do CELAM, realizada em Aparecida. Além da nossa ação de graças por Francisco, somos convidados a apoiá-lo no exercício da caridade em favor dos mais pobres, com a nossa oferta nas missas deste domingo, com o óbolo de São Pedro.

Bendito seja Deus pela vida de Pedro e Paulo! Bendito seja Deus pelo ministério de Francisco! Bendito seja Deus pelos mártires de ontem e hoje!

+Dom Jeová Elias Ferreira

Bispo Diocesano

 

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